segunda-feira, 20 de julho de 2009

sweet instant


Doce que doce
Estrelinha do mar
Vem me encontrar
Vem me ninar

Seus olhos brilham
Espelhos a sonhar
Vou com você
Riso, brilho, luar

Num quarto escuro
Triste a chorar
Doce que doce
Mais doce a sonhar

Nas almofadas
Do seu coração
Pulo e me aqueço
Ao toque das mãos

Vejo um clarão
Você vai entrar
Doce que doce
Vem me abraçar

Ela: minha inspiração")

sexta-feira, 10 de julho de 2009

O Nascimento

Primeira Fisgada
Olhos molhados, vestido molhado
O momento chegou
Panos quentes, lençóis limpos
Papel branco, lápis, livros

A cada contração um espasmo no rosto
Uma lágrima nasce de seus olhos cansados
Alegria ou dor? Corpo pesado

O ventre já não lhe basta
Quer ver gente
Quer ser visto
Então sussurra por dentro:
“Deixe sair”
Cada vez que repete essas palavras
Como um mantra sagrado de dor
Um estalo sangrando de amor

Tudo se contrai e se espande
Um grito mudo
E à luz do mundo
Nasce canção
Nasce grande, forte e valente
Nos braços da progenitora
Chora ela
Chora ele
Sorri a vida
Um sorriso desenhado nos lábios
Toque suave feito lã
Poeta eis aí teu filho
Poesia eis aí tua mãe


João Victor
"Maternidade". José Sobral de Almada Negreiros. 1935. óleo sobre tela.