terça-feira, 19 de novembro de 2013

Dona velhinha

Escrevo esta cartinha
Pra uma dona velhinha

Recita Castro Alves
E as belezas do Mato Grosso
Emenda o laço de fita
Com palavra, rima e oração

Na frente da quadrilha
Ele desvelhinha

É clown, é caroço, é coro
Tem na velhinha um espírito em movimento
Uma tela não é nela, na velhinha, que é tempo
Tem nessa velha um doce de canela
Nas memórias rugas
No fio lisura
Em Ceci, em Clari, em Drummond

Sentada no banco
Ela desvelhinha

Tem uma velhinha
Que conta historinha
Que conta piadinha
Que fala da vizinha
Que enche a cozinha
De coisinha, canetinha, palavrinha, de inhas, inhos, inas, in braço

Chorando no cantinho
Ela revelalinha

Nasci sem nada, nada saber
Hoje não sei só ler
Hoje sei rir
Sei fingir
Sei contar

Nos versinhos da velhinha
Existe eu
Existe o berço
Existe a árvore
E o balanço
Existe a tinta
E a fantasia
Existe Pedro Álvares Cabral
Existe anjo, existe sim
Existe também perversão
Gargalhada inha, zinha, minha, fininha

Escrevo esta cartinha
De fora do cerco da cidade
Do seu netinho, velhinha
Que é saudade
Saudadinha.

Paga

Vem paga de cult
Diz que dá pra Godard
Fala que fode Foucault
Mas não soletra sozinho o sol que sobe a letra
a rima parnasiana
desse clipe
dessa onda
dessa vibe
super simples
super super
superfular supersugar